quarta-feira, 5 de maio de 2010

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Saindo pela porta da sala de aula, Math continuou seguindo pelo corredor olhando os próprios pés. A cabeça estava bem longe, gravado o ultimo sorriso que ficou estampado na alma, no coração. Continuou caminhando lentamente e pensando em todos os seus outros relacionamentos e isso foi uma tristeza súbita no seu coração. Era uma dor, o exato silencio dentro de si mesmo, foi como olhar para aquele corredor vazio e sentir o coração exatamente igual. Math não sabia explicar de onde vinha tanta falta e vazio, mas ele tinha a certeza de que isso também não precisaria ter a mínima explicação.

- Abalaram a minha estrutura.- Sussurrou Math descendo pela escada.

Chegando ao banheiro se olhou no espelho e não achou nada interessante que lhe comprovasse a atenção da garota. Com as mãos sobre a pia, abaixou a cabeça e ligando a torneira molhou a face, molhando seus cachos perto da testa.
Math costumava raciocinar bastante, gostava de sentir a mais tristes de sua melancolia até os melhores momentos sorridentes de sua vida. Costumava dizer
que o "Sentimento era uma dádiva da vida". Mesmo sabendo que muitas pessoas não sabiam como administrá-los ou como vive-los intensamente, nunca achou que isso realmente fosse fácil, mas ele o sabia como fazer bem.
Passados alguns segundos, entrou no Box do banheiro, abaixou a tampa da privada e se sentou apoiando os dois cotovelos sobre os joelhos e apoiando a face sobre as mãos, entrou em reflexão. O que Math raciocinou naquele momento realmente foi algo intenso, diria eu um verdadeiro poema escrito na alma:

"Não quero fazer da dor milhões de pedaços do meu coração. Sei que pertenço a tudo aquilo que nada o quebra, fora isso só eu, por mim choro. O engraçado é que nasci e nunca procurei o propósito disso. Mas agora quero saber sobre o que é amor? o por que de amar? Eu nem me quero mesmo, sabe? Cansei disso, há tempos falei para mim mesmo, mas talvez nem sabia quem mesmo eu era. Ou quem eu sou? Também nem me importa: A vontade de saltar e SIM, me preocupar aonde vou cair me incomoda, me deixa em mil estradas das quais nem sei para onde vão e também nem quero ir, sabe? Nem tenho o por que ir, há quem me motivava ficou lá para trás, "e olhar em todos os lugares e não encontrar quem eu quero é triste" ouvi uma vez por ai e compartilhei isso. Mas quero algo que me faça ver tudo que faço me lembra cada traço, e de todos os lugares que ando insisto em ter a presença de alguém. Aquele sorriso foram quatro mil facas entrando centímetros a centímetros dentro do meu corpo sem que eu pudesse ao menos reagir. O mundo continuava a girar, e todo tempo é meu tempo, o de correr, o de lembrar o de sorrir. Mas por que ainda sim, é sempre dentro de mim mesmo que me rasgo só para achar a lembrança do seu ultimo sorriso? É tanta dor, é tanto vazio... que passo a acreditar que o amor morreu."

Math não entendeu o tamanho daquela reflexão que veio como um sopro da mente direto pro coração. Mas o desanimo de tudo também não lhe davas força para procurar entender. Se levantou e lembrou que ainda estava em aula, mesmo sem perceber que essa breve reflexão que parecia horas durou nem se quer mais que dois minutos.

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